Projeto de pesquisa
PSICANÁLISE: CLÍNICA E CULTURA
A linha de pesquisa do programa
de pós-graduação em psicologia clínica tem
como proposta básica contribuir para a produção de
um saber que se constrói na articulação da teoria
e da prática psicanalíticas.
Tendo como objeto central de investigação o sujeito na cultura,
se utiliza de uma abordagem teórico-clínica informada pela
Psicanálise na sua articulação com diferentes campos
do saber tais como a Psicologia Social, a Filosofia e as Ciências
Sociais.
A partir desta concepção ampliada de clínica, e considerando
as múltiplas transformações e jogos de poder que
atravessam o mundo contemporâneo, torna-se possível pensar
as diferentes formas de subjetivação que se processam na
atualidade, assim como seus efeitos sobre a clínica hoje.
Projeto
de Pesquisa: Violência, cultura e modos de subjetivação.
Meus interesses de pesquisa dentro
do campo psicanalítico podem, grosso modo, ser definidos nos estudos
que dizem respeito à utilização da psicanálise
para a compreensão de alguns fenômenos da realidade brasileira.
É na interseção de diferentes campos do saber, tais
como a antropologia, a história e a ciência política
que venho buscando, através de pesquisas de campo, estudar o fenômeno
da violência na sociedade brasileira, como um dos agenciadores da
subjetividade. Da violência simbólica, ao uso da força
bruta, a violência é entendida em sua acepção
psicanalítica, como um ato de desejo.
Sabendo que nenhuma produção teórica é a-histórica,
devendo, portanto, ser sempre contextualizada, a pesquisa que venho desenvolvendo,
"Violência, cultura e modos de subjetivação",
está voltada para um mapeamento das diferentes formas de expressão
da violência, através da análise de distintos mapas
de navegação social, da correlação de forças
em diferentes espaços (público/privado) e das possíveis
renegociações na atribuição de papéis.
Parto do pressuposto que a subjetividade não é uma imanência,
mas intersubjetivamente produzida. Os elementos desta produção
estão articulados na cultura que os sujeitos partilham uns com
os outros, numa formação social determinada e em um tempo
histórico delimitado. O meio ambiente cultural torna-se, nesta
perspectiva, a tela que oferece os elementos para a produção
de subjetividade.
Freud em Totem e Tabu [1912] afirmava a importância de se pensar
o homem historicamente, no cerne de seu meio ambiente cultural, atravessado
pelas vicissitudes do tempo e do espaço que constituem sua realidade
psíquica. Os aspectos sociais e culturais são indissociáveis
da experiência individual de existir. Integram-se à própria
produção teórica, não constituindo barreira
à prática clínica.
É dentro desta perspectiva que me interessa investigar o papel
da violência no processo de subjetivação do sujeito
das grandes metrópoles brasileiras.
Derivam deste tema central eixos temáticos, sempre voltados para
a realidade brasileira:
1. Domínios da violência:
1.1 Origem, controle e estímulos à violência; 1.2.
Cultura brasileira, valores e estetização da violência;
1.3 Lei, civilização e barbárie; 1.4 Estado, sociedade
e polícia; 1.5 Violência e exclusão social; 1.6 Violência
e trabalho; 1.7 Violência e instituição; 1.8 Violência
e corpo; 1.9 Violência e religião.
2. Os sujeitos da violência:
2.1 Violência contra criança; 2.2 Violência e gênero;
2.3 Violência e família;
3. Ética psicanalítica
e violência:
3.1 Construções do saber e das práticas psicanalíticas.
3.2 Atendimento a populações de baixa renda;
Integrando produção teórica e prática clínica,
a pesquisa busca ampliar, os conhecimentos produzidos, através
do alargamento de seu campo tradicional, a clínica terapêutica,
para um outro, tradicionalmente reservado às ciências sociais.
Como fruto dos trabalhos já desenvolvidos, foi criado o LABORATÓRIO
INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA E INTERVENÇÃO SOCIAL -LIPIS
vinculado à Vice-Reitoria Comunitária, que, através
de uma inserção concreta e de atuação direta,
fornece subsídios para elaboração de políticas
públicas e intervenções de caráter comunitário
no âmbito da clínica psicológica e dos direitos sociais.
Atuando em rede com professores que desenvolvem trabalhos semelhantes
em diferentes universidades de vários estados brasileiros (ver
Nossos Parceiros na Home Page) a pesquisa oferece aos alunos a possibilidade
de diferentes intercâmbios bem como um campo de prática extenso
e diversificado.
As publicações ilustram o trabalho que vem sendo desenvolvido
nos diferentes eixos temáticos da pesquisa, bem como a participação
de alunos e professores.
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