Linhas de Pesquisa

O Projeto de pesquisa Violência cultura e modos de subjetivação contempla diferentes eixos temáticos que são divididos em linhas de pesquisa, Tais linhas, podem contemplar tanto investigações independentes (teórica e metodologicamente) como dialogarem com as demais dependendo do objeto da investigação..

 CORPO, IMAGEM E SOFRIMENTO PSÍQUICO,

Lócus de nossa construção identitária, o corpo fala e é falado de muitas maneiras. Tendo como eixo teórico a psicanálise em sua interseção com diferentes campos do saber (antropologia, história e psicologia social) a pesquisa tem como objetivo investigar os múltiplos discursos acerca do corpo na sociedade contemporânea e seus efeitos na produção da subjetividade. Diferentes campos e eixos de investigação são desenvolvidos, dentre os quais se destacam: corpo e regulação social; culto ao corpo e subjetividade feminina; corpo, imagem e envelhecimento; corpo, imagem e transtornos alimentares; distúrbios da oralidade;

  ATENDIMENTO PSICOLÓGICO A POPULAÇÕES DE BAIXA RENDA –    CAPES/PROCAD


A pesquisa tem como objetivo: Discutir e investigar a possibilidade de novos dispositivos para o atendimento de populações de baixa renda em settings diferentes do tradicional consultório privado. Caracterizar os desafios metodológicos nesse tipo de atendimento. Problematizar o atendimento psicológico a populações de baixa renda, levando-se em conta condições de produção de quadros psicopatológicos presentes no cotidiano das camadas menos favorecidas: confinamento, pânico, violência extrema. Tomando com referencial a teoria psicanalítica abordamos suas especificidades e impasses clínico-metodológicos quando utilizada em hospitais públicos, comunidades carentes, postos de saúde e clínica-escolas. Em cooperação como Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Pará o projeto contempla a aceitação de alunos desta universidade (UFPA) como mestrandos, doutorandos e pós doutorandos pela PUC-Rio.


  RELAÇÕES DE GÊNERO, SAÚDE E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE: VULNERABILIDADE E A FEMINIZAÇÃO DA EPIDEMIA DO HIV-AIDS- EM BELÉM E BARCARENA. – CNPq

A investigação de situação de risco e vulnerabilidade das mulheres vivendo, ou não, com hiv-aids, no campo e na cidade, é um problema de pesquisa já presente na literatura, dada a realidade da feminização da pandemia, tal como vem sendo nomeada pelo campo interdisciplinar de saúde e, mais especificamente, pela produção de conhecimento na área de saúde coletiva. A feminização da epidemia do hiv/aids vem se constituindo um grave problema de saúde pública dado o aumento progressivo de mulheres infectadas, da crescente contaminação vertical e do elevado número de óbitos, exigindo a conjunção de esforços do Estado brasileiro, seus gestores, profissionais de saúde, pesquisadores sociais e cidadãos em torno de investimentos materiais e humanos significativos em medidas de caráter preventivo visando a redução de fatores de vulnerabilidade à infecção. A partir do caminho até aqui percorrido por nós, que teve como ponto de partida o deslocamento do perfil da aids, incluindo um número significativo de mulheres entre os casos notificados, fomos incitados a pesquisar os processos de subjetivação de mulheres expostas à contaminação por hiv/aids, obtendo como primeira consequência o fato de não encontrarmos razões para validar explicações reducionistas que apontam para o elo bissexual ou para a ligação com usuários de drogas injetáveis, como fatores determinantes da feminização da epidemia. Parece-nos socialmente descontextualizada esta análise e desatenta para aspectos fundamentais da produção de subjetividade e do sofrimento psíquico, dada a profundidade da importância da realidade sociopolítica para o exercício da sexualidade feminina, que resultam em dificuldades de negociação do preservativo pelas mulheres, mesmo as que fazem disso seu oficio. No percurso até aqui percorrido pela equipe, desenvolvendo pesquisa e ensino relatados em publicações, artigos e livros, concluímos que a sexualidade continua sendo palco de conflitos e que, para além dos números e estatísticas, salta aos olhos a urgência de se escutar o silenciamento das mulheres frente à aids, seja por medo, às vezes, horror, frente à possibilidade de morte física e psíquica. Neste sentido, a direção maior deste projeto é ampliar nossa investigação às mulheres que iniciam um percurso pela rede pública de saúde e que podem ser abordadas em uma pesquisa que sai dos muros hospitalares e vai literalmente, ao campo e à cidade, no intuito de escutar o que ali se passa.
Coordenação: Ana Cleide Guedes Moreira – UFPA


 CIDADE, CONFINAMENTO E NOVAS FORMAS DE SUBJETIVAÇÃO

Discute-se a importância do território como agenciador de subjetividades. As consequências da privatização do espaço público, por uma doutrina de segurança, que instala grades, cercas e outras barreiras indicam uma colonização de nosso imaginário. A restrição da circulação pela cidade, a desconfiança mútua entre os territórios da favela e do asfalto são analisadas como fatores de influência nas formações subjetivas. Uma especial ênfase é dada aos aspectos territoriais enquanto extremamente relevantes na produção de novas patologias A partir dessas reflexões, busca-se mostrar como essa apartação espacial está produzindo, coletivamente, uma nova sintomatologia psicopatológica - a agorafobia... A violência (do narcotráfico e da polícia) são analisados à luz de suas repercussões na vida associativa do sujeito. A análise da sociabilidade e do papel das igrejas em comunidades carentes são investigadas tomando como referência a possibilidade do laço social em situações tão adversas.

 PSICANÁLISE, CORPO E REGULAÇÃO SOCIAL

Tomando o culto ao corpo e a beleza como paradigmas da contemporaneidade, discute-se os mecanismos de regulação social e as implicações psicológicas da histórica associação entre mulher e beleza. A pesquisa tem como objetivo investigar os determinantes psíquicos desta ditadura estética no agenciamento das subjetividades femininas. A imagem de mulher se justapõe com a de beleza e, como segundo corolário, à de saúde e juventude -, na mídia as imagens refletem corpos super trabalhados, sexuados, respondendo sempre ao desejo do outro ou corpos medicalizados, lutando contra o cansaço, contra o envelhecimento, contra a finitude. Implícita está a dinâmica perfeição/imperfeição, buscando atender aos mais antigos desejos do ser humano. As distintas formas do uso do corpo são investigadas em diferentes camadas sociais . Os discursos sobre o corpo sob a ótica da medicina são analisados em contraposição ao corpo libidinal, objeto de investigação da psicanálise.

 VIOLÊNCIA, AGRESSIVIDADE E JUVENTUDE

A pesquisa busca entender as diferenças entre o ato agressivo, violento, delinqüente e anti-social, em uma perspectiva sócio-psicanalítica. Em um primeiro momento, recorrendo a Freud, traçam-se as diferenças entre agressividade e violência, conceito de certa forma difuso na obra freudiana. Winnicott é o autor privilegiado para entender a delinqüência e o ato anti-social, enquanto pedidos de ajuda por parte de crianças e adolescentes. Buscando uma articulação entre o ato violento e as práticas culturais existentes, a pesquisa faz uma leitura da violência enquanto inscrita na cultura, tomando como eixo das discussões a sociedade brasileira contemporânea, bem como as origens que norteiam seu imaginário social. A violência e delinquência dos jovens de diferentes classes sociais são analisadas tomando como referência, além das relações familiares os dispositivos legais que atuam de forma distinta de acordo com a classe social.